Thakrar, segunda-feira, julho 09, 2007
Este defeso futebolístico tem sido particularmente feliz no que diz respeito ao modo como nos tem ajudado a compreender os processos a partir dos quais se gera um certo senso comum ou constroem determinados climas de opinião no espaço público. Isto é, Kaz, Bollati e Manuel Fernandes ajudam a perceber o modo como a ortodoxia liberal, o encerramento de diversos serviços públicos ou a flexibilização do mercado do mercado de trabalho vão ganhando espaço nos meios de comunicação social, sendo cada vez mais enquadrados de forma positiva e as expectativas que podem gerar nos potenciais beneficários/vitímas dessas medidas. Concentremo-nos em Manuel Fernandes. Um óptimo jogador. Porém a sua vinda para o Benfica vai agravar um problema estrutural do futebol moderno, e em especial do futebol português (nem sequer me vou dar ao trabalho de falar no professor Neca. Recordo apenas Nuno Coelho, Zezinando e Condesso no meio-campo ontem no Portugal-Gâmbia): os três trincos. A ortodoxia liberal aplicada ao futebol. A introdução de Manuel Fernandes no meio-campo do Benfica na próxiam época vai transformar Octávio Machado num visionário do futebol moderno. Quando em tempos, lá para 96/97, o agricultor palmelão tentou introduzir a táctica dos três trincos com dois extremos e um ponta de lança não foi sem alívío que vimos as vozes do futebol-arte levantarem-se em oposição a esta ortodoxia defensiva. Dez anos mais tarde vemos que se transformou num paradigma. Ora Manuel Fernandes é um óptimo jogador. Ao contrário do que sugerem algumas vozes, considero que quanto mais atrás jogar no campo melhor, à semelhança de Moutinho. Ter trincos que sabem jogar à bola é óptimo. O problema é quando só os trincos podem jogar à bola. Para o ano o Benfica vai começar os jogos com Petit, Katsouranis e Manuel Fernandes. três trincos portanto. Como é que se legitimam então os três trincos? A palavra-chave chave é box-to-box. Competitividade e flexibilidade aplicadas ao futebol. Já não se procura o trabalhador especializado e criativo. Trata-se de encher o centro do terreno de jogo com trabalhadores altamente produtivos, poucos especializados e nada criativos que correm como uns doidos de baliza a baliza seguindo cegamente as ordens de um treinador católico, cobarde e atrasado mental como é Fernando Santos.
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