HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




Ainda a alienação


Sobre o recente acordo entre os leões e a Câmara Municipal de Lisboa (CML), Dias da Cunha mostrou-se desgostoso, mas com o processo de venda em si. "A alienação de património, dada a forma que assumira - venda pura e dura, sem retrocesso, em vez do simples negócio financeiro [alienar com direito de retoma] inicialmente previsto -, foi claramente ilegal por pôr em causa os fundamentos que levaram a CML a conceder ao Sporting as autorizações necessárias à construção do Complexo Alvalade XXI", acusa. O ex-presidente leonino explica ainda que "a densidade de construção do complexo excede largamente a densidade de construção prevista no PDM e só foi autorizada por se tratar do Sporting, que alegou necessitar das receitas decorrentes da exploração dos diferentes edifícios para a sua viabilização". Diz por isso que "se tratou de uma operação que, tendo em conta os contornos de que se rodeou, se situou numa área que no mínimo terá de se apelidar de gestão danosa. O clube saiu dela manifestamente empobrecido". Mas quem ganhou com isso se não foi o clube? "A falta de transparência de todo o processo, a que há que acrescentar a inventona de um buraco nas contas, prestar-se-ia às mais diversas especulações...", afirmou sem concretizar.

No Diário de Notícias


Palavras de D10S


«Se tivesse abraçado Blatter seria da família da FIFA. Mas seria também um filho da p... Estaria do lado de Pelé, de Platini e de Beckenbauer», referiu o argentino.
«Platini é o chefe mafioso da UEFA, Pelé defende a FIFA e Beckenbauer conseguiu para a Alemanha a organização do último Mundial. Todos eles alcançaram lucro, mas isto é triste. Caso não defendam os que precisam de defesa, não são tão grandes como isso. Querem ter mais um corrupto na família, mas não estou interessado».


Agentes de Pasteur? ou Agentes da Reacção?



Num país que praticamente não existe, onde existem três linguas oficiais, que para lá dos chocolates e dos chinos e vive da entrada de capital estrangeiro e que tem uma percentagem de trabalhadores estrangeiros de 26%, num universo de cerca de quatro milhões de trabalhadores, para sete milhões de habitantes, um partido de extrema direita ganha as eleições, tendo no centro da campanha precisamente o ataque aos imigrantes. A taxa de desemprego rondava em 2002 (foram os dados que estavam mais à mão) os 3%, tendo atingido um máximo histórico de 5,5% durante a década de 90. Os trabalhadores estrangeiros, para além daqueles que trabalham nos organismos internacionais, dedicam-se sobretudo a limpar e a cuidar da Suiça e a prestar serviços desqualificados aos Suiços, e possivelmente também uns aos outros. Nada de especialmente novo, mas pelo menos algo de estatisticamente saudável. E no entanto estes manos querem correr com uma parte significativa das pessoas que lá vivem e sem as quais o país não pode funcionar. O motivo é o habitual. Insegurança e criminalidade. Estavam presas no final de 2006 79 em cada 100.00 pessoas, num total de 5,888 presidiários, bem longe dos 740 em 100.00 nos Estados Unidos ou dos 98 na Alemanha. Apesar do número de condenações ter vindo a aumentar desde 2000 é natural que isso se deva mais às condições políticas do que a aumentos significativos no número de crimes. Apesar de os estrangeiros deterem uma taxa de criminalidade mais alta isso é explicado pela sua composição demográfica e pelas suas estruturas familiares. Isto é, nada que uma política de reagrupamento familar séria não resolva (não sei se estão a ver a relação desta merda com a história do ADN e da escumalha estrangeira e do endurecimento das posições das forças corecivas do Estado em França?). Numa onda didáctica sugerimos ao leitor dois livros para perceber estas cenas. Bandits de Eric Hobsbawn e A criminalidade de estrangeiros em Portugal. Numa linha mais macro e cultural, poderíamos de facto falar na sociedade de risco, na insegurança ontológica e no modo como os media geram sentimentos de insegurança e essas cenas todas. Num estilo mais antropológico poderíamos até dizer que os estrangeiros enquanto outsiders são os bodes expiatórios ideais para os problemas lá dos sócios. Ou será que em alternativa e apesar da coisa poder ser culturalmente compreendida e historicamente explicada não se poderá só tratar de um caso extremo de ganância dos já instalados e na criação de mecanismos preventivos para a manutenção da ordem? Impedir estrangeiros de aceder aos direitos sociais, dificultar a entrada e a legalização de trabalhadores, impor regras mais largas para a expulsão de estrangeiros são óptimos meios de, sei lá, manter para aí 26% da mão de obra, e em especial a que de forma quiça demodé poderíamos chamar de classe trabalhadora na ordem. Pelo menos quanto raça e classe acasalam, não?


Identidade nacional


Em qualquer conferência que tenha lugar em Portugal é raríssimo existir um só membro da audiência que tenha perguntas a fazer aos conferencistas. Perguntas directas, perguintas indirectas, dúvidas, esclarecimentos, seja lá o que for. São um ou dois aqueles que, ocasionalmente, não tendo perguntas têm, no entanto, críticas a fazer às ideias expostas. O resto da malta quer apenas partilhar experiências pessoais.



Carta de uma leitora à coluna "sexo" da revista Pública: "Comecei recentemente uma relação com um homem que é uma óptima pessoa, moderadamente inteligente, razoavelmente meigo e relativamente bonito. Pois ... lendo aquilo que escrevi, não posso deixar de pensar que ele não é bem tudo aquilo que gostaria que fosse, mas também acho que não devo queixar-me em demasia.
A parte do sexo vem a seguir.


Novos ricos, elites e colonização portuguesa


Há uma altura em que não se pode aparecer na "Caras" para se poder ficar numa área superior, como se se pertencesse a uma elite de bom gosto que não se mistura com a vulgaridade dos novos ricos. Eu adoro novos ricos! Sabe o que significa novo rico? É mobilidade social, tudo o que falta na Europa e que dá essa impressão de falta de vitalidade. Gente que era pobre e ficou rica. Eu gosto da confusão social. Eu adoro o Brasil e os EUA sobretudo por isso. Não tenho saudades do "Ancien Régime" nem do que é o chique, não quero ter nada a ver com isso. Eu sou de esquerda, mas de esquerda mesmo, nesse sentido! Por isso, sou a favor do capitalismo, da vulgaridade, sou contra adorno que é igual à direita que quer restaurar a aura das grandes famílias, das grandes posições de responsabilidade cultural detidas por um grupo fechado e "excelente"... É uma Europa com uma saudade horrível de si mesma quando essas coisas eram intransponivelmente estabelecidas. Eu gosto da sociedade industrial, da sociedade pós-industrial, com todas as suas dificuldades e inautenticidade! Eu não tenho de que me sujar. A mãe do meu pai não se casou, teve filhos de mais de dois homens, a mãe da minha mãe tão pouco, eu sou filho do povo brasileiro, de uma cidade pequena e pobre do interior da Bahia e sou mulato! Essa conversa não entra na minha cabeça.

A colonização portuguesa do Brasil foi a pior coisa que você pode imaginar. Foi o oposto dos EUA para onde alguns ingleses foram para criar um país melhor. Os portugueses foram a um lugar que não lhes interessava para nada apenas para sugar, sugar, sugar o que fosse possível e matar os índios. Bom, os ingleses são melhores a matar índio e a discriminar preto do que os portugueses que não são brancos direito, é uma gente esquisita do Sul da Europa que os outros europeus acham meio mouros, meio africanos e não sabe bem fazer a discriminação racial... Porém, os ingleses criaram na América uma sociedade nova, melhor e mais justa. Mas também Portugal já é uma piada, o Brasil é uma grande piada universal, o único país da América para onde o rei, fugindo de Napoleão, levou o centro do império e de quem o filho proclamou a independência. Essa história que tem um lado deslumbrante e que só poderia ter acontecido entre Portugal e o Brasil teve também esse lado horrendo da criação de uma elite pequena e fechada que se habituou a explorar a maioria escura e pobre de uma maneira mil vezes mais desumana que o mero racismo formal. A discriminação social, que inclui automaticamente o factor racial, foi brutal e sem preocupação. Embora, apesar de tudo isso, eu ainda ache a solução brasileira mais interessante do que a solução americana.

Entrevista a Caetano Veloso. Via Provas de Contacto




A minha onda não vai a nenhum lado ou realismo suburbano






    António Vicente

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