HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




À Panenka




De Manuel Alegre já muito se disse e pouco haverá a acrescentar. O republicano marialva que confraterniza com D. Duarte Pio e faz campanha eleitoral a caçar patos até poderia não ser totalmente deprimente, não fosse aquela pinta solene de que o homem não se consegue livrar. O futebol poderia dar-lhe uma ajuda nesse ponto. Mas não. O homem hoje lançou um livro que compila as suas crónicas entre 2004 e 2006. Confesso que não li nem tenciono ler. Tive todavia a infelicidade de ter acesso a uma entrevista do poeta no jornal A Bola. Uma miséria. Para além da conversa habitual da lusofonia e do Eusébio e da Amália não há nada que se aproveite.
Permitam-me dois ou três breves exemplos, para atestar a vacuidade (outros poderão apodá-lo de incisivo, é certo) do poeta ( e juro que está tudo na edição de papel).
O poeta começa por ser interrogado sobre o potencial alienante do jogo, ao que responde com uma lucidez impagável:
- O futebol é o ópio do povo?
-É a festa do povo.
para um pouco mais à frente, quando interrogado sobre um autor que, tal como ele, tinha no futebol uma das dimensões mais importantes da sua existência:
-«Tudo o que sei sobre moralidade e obrigações devo ao futebol». Esta frase de Albert Camus é um exagero?
responder com a subtileza de um penalty do panenka:
-À primeira vista parece um exagero. Mas é um facto que Albert Camus sabia muito sobre «moralidade e obrigações»


Ah e tal...


As recentes negociações em torno da fixação do salário minímo ofereceram-nos alguns momentos bastante didácticos. Partindo de um consenso que ainda perdura, que o salário minímo deve crescer pelo menos ao nível da inflacção, a coisa ia dar aí para os 398 euros e qualquer coisa. A UGT pedia um aumento para 405 e a CGTP para os 410. Não parece nada de assombroso. As associações patronais, porém, entenderam que estas reivindicações são escandalosas e que podem colocar milhares de micro empresas à beira da falência. Isto é, o minimercado da minha rua que emprega uma pessoa, mais o dono, um lampião porreiro, vai à falência se gastar mais, vá lá, sejamos uns malucos, 8,5 euros por mês em ordenados. Sem comentar sobre o que este tipo argumentação nos diz sobre a gestão das empresas portuguesas ou da sua honestidade intelectual dos seus proponentes, chamo apenas a atenção para uma notícia que saíu no DN de hoje, e que tem origem nas fontes mais insuspeitas. É conferir.


Pergunta



Consegue o futebol profissional da bonita terra dos galos de Barcelos e da padeira de Aljubarrota sobreviver competitivamente sem a corrupção?



Londres parece cada vez mais um gigante desfile de moda. Talvez por isso se antecipe que depois de Blair seja o conservador Cameron a rumar para Downing Street. O homem-novo dos tories corresponde a um modelo cuidado: jovem, moderno, ecologista, gosta de arte, liberal nos costumes, confessou ter consumido drogas, tolera os gays, os emigrantes, etc. O seu provavel adversario, Gordon Brown, ao lado dele, parece um taberneiro engravatado. Joga-se neste universo de valores o resultado da peleja de 2009. Por um lado, deve relevar-se o modo como os anos Blair vergaram, em especial no que respeita a alguns costumes, o velho modelo conservador. Nada vai ser como antes. Por outro lado, tudo vai continuar na mesma ou, provavelmente, pior. Cameron vai falando em entregar parte do welfare a esse enigma chamado sociedade civil, colocar a caridade no lugar do contrato social. No que respeita ao Iraque, acha que anda a correr mal, mas apenas isso. Entende que a sociedade inglesa ganhou muito com os emigrantes, mas quer fechar ainda mais as entradas. Temas pouco interessantes, se considerarmos que a grande arma de Cameron se encontra no modo como encarna quase perfeitamente a vida de parte fundamental da classe media inglesa, lugar social onde muitos vivem e onde grande parte dos outros deseja viver.


Separar as águas



Esta semana o véu voltou a dar que falar. Na França já havia sido proibido nas escolas públicas. Na Holanda, na cidade de Ultrecht, por exemplo, são cortados os benefícios às desempregadas que comparecem nas entrevistas de emprego com burqas, sob o argumento de que não querem é trabalhar. Em Portugal, ouvem-se argumentos similares nos centros de emprego à pala do luto cigano ou das barbas dos bacanos. Mas não há racismo por parte dos empregadores que não contratam a escumalha estrangeira. O problema é do desempregado. Existem alguns argumentos que procuram disfarçar a questão. A ideia é que temos de andar com a cara desboberta por motivos de segurança pública, como sucede em Itália. A verdadeira face da causa é, porém, visível no argumentos de Tony Blair que vê na indumentária "uma marca de separação", ou do sempre atento Vaticano: ""devem respeitar as tradições, os símbolos, a cultura e a religião dos países para onde se mudam". No fundo a ideia é que a democracia é fixe, mas só se for branca e cristã.
Para facilitar a vida a estes senhores deixamos aqui mais algumas sugestões para aplicação do critério das "marcas de separação":









Numa altura em que deixou de fazer sentido comprar discos, resta-nos comprar obras primas. Hell's Ditch: a obra prima da banda de MacGowan. Com Strummer a produzir. Depois de 16 anos a ouvi-lo numa cassete manhosa, finalmente o prazer do digital no desactualizado formato CD. Um statement de prateleira para impressionar as visitas.


A argumentação do treinador no momento do flash interview


Para variar o Sporting foi à vida. Não que não se previsse. Apesar de tudo, quem tem que caçar com Alecsandro (sim é com CS, o que o torna ainda mais ridículo, para além de gordo e atrasado mental) e Bueno não tenha grandes hipóteses de sobrevivência na Liga dos Campeões. Apesar das lesões, das ausências e dos habituais azares, não sei se reparram mas o Inter marca um minuto depois de Veloso entrar e é ele que está vinte centimetros mais atrasado do que o que devia estar na jogada do golo, para além da habitual imbecilidade, conferir o lançamento de linha lateral que dá origem ao golo do Inter, a verdade é que é difícil antipatizar com o Paulo Bento. É certo que a escolha dos elementos para o meio campo foi levemente cobarde. Carlos Martins não ser titular num jogo destes é inadjectivável. Mas mesmo assim o homem tem uma virtude. Não arranja desculpas manhosas, não se queixa das lesões e das ausências e dos azares e dessas merdas que nos atormentam desde sempre. Fala no jogo: "Por difícil que fosse, teríamos que estar atentos a tudo o que acontecesse no jogo, e isso não invalida que pudéssemos fazer mais e melhor. Acontece que não fomos tão fortes como desejaríamos e permitimos que o Inter tomasse conta do jogo e jogasse muito perto da nossa área. Depois de sofrermos um golo que podíamos ter evitado era certo e sabido que o Inter dificultaria ainda mais a forma de dar a volta ao resultado."
Só como nota conclusiva permitam-me que assinale aqui a convicção sincera de que o Sporting nem à UEFA vai. A tragédia vai conhecer um novo capítulo daqui a 15 dias. O empate do Spartak com o Bayern e os três pontos de traso que têm em relação ao Sporting são a matéria de que são feitos os nossos pesadelos.


Memórias


Nem tudo o que se passa num campo de futebol é resultado directo dos acontecimentos que aí se desenrolam durante os noventa minutos de jogo. Fernando Santos não devia ter saído do Sporting, depois daquele jogo com o Benfica e de ter perdido o segundo lugar. Santos foi o treindador que mais pontos conquistou na história do Sporting, só não tendo ganho o campeonato porque no Porto habitava Mourinho. Porém, ao ouvi-lo nestas últimas semanas recordo-me do pior que ele tinha nos tempos do Sporting: um discurso completamente vazio. Santos é incapaz de dar uma resposta directa ou de explicar seja lá o que for. Para ele a resposta a qualquer pergunta é um simples " temos de falar nisso entre nós". Depois padece de outro problema, de que Peseiro ( Amén!) também sofria. Santos quer impor uma táctica a uma equipa mas não tem coragem de utilizar os jogadores mais adequados para o efeito, já que algumas vacas sagradas teriam que ser sacrificadas. Peseiro no Sporting só acertou com o meio-campo em rombo depois de ter experimentado um 4x3x3 e até um 5x3x2. Na época seguinte e já sem os artistas do meio-campo voltou a ensaiar o esquema anterior; com resultados trágicos. Só acertou quando a isso foi obrigado. Santos no Benfica tem o mesmo problema. Quer adaptar a equipa à sua táctica, em vez de adaptar o seu modelo de jogo aos artistas de que dispõe. Quando o Benfica saiu do losângulo as coisas começaram a correr melhor, mas entretanto Santos insiste. O problema é que o losângulo não suporta em simultâneo um Petit e um Katsouranis, e um Simão, que rende essencialmente nas alas, perde no centro do terreno algum do sentido da sua existência. Logo, para alimentar os avançados sobra o Nuno Assis e ocasionalmente os laterais. Ou Santos tem a coragem de deixar alguns jogadores no banco para implementar o losângulo ou altera a táctica. Se não sujeita-se a dia 2 de Dezembro estar no desemprego, caso as coisas não corram de feição com o Copenhaga e o Sporting.



Espécie de passatempo nacional. Os empresários e políticos portugueses, inimputáveis criaturas, passam a vida a dizer que o problema da produtividade é dos trabalhadores. No Benfica, o recém eleito vice Sílvio Cervan afirmou que os jogadores têm que correr mais. Definido o jogo como se de uma maratona se tratasse, talvez valesse a pena o Cervan contratar uns quantos maratonistas ou, porventura, pensar um bocadinho, e perceber que não percebe nada de futebol e que talvez fosse melhor ficar calado. Vieira também achou que a gestão do clube se fazia por intermédio da comunicação social e que a culpa, claro, era dos jogadores. O próprio Santos, acha que a culpa é dos jogadores, mas ainda assim, teve a sensatez de remeter para o balneário a resolução dos problemas. Noutro sentido, as derrotas das grandes equipas explicam-se apenas por elas próprias. A verdade é que o meio-campo do Braga fez um jogo extraordinário, anulou a transição do Benfica e ganhou com todo o mérito. Sem espinhas. É a vida.


Boas notícias




O Diário de Notícias informa-nos hoje que "Portugal é o sétimo país nos roubos a bancos". De qualquer modo ainda temos muito que trabalhar, os bancos portugueses devem estar no primeiro lugar europeu de roubos a clientes e esquemas manhosos. Mas é bom saber que ainda existe em Portugal pessoal com espiríto de iniciativa.


Forma e conteúdo


Fintar metade de uma equipa é a descrição de um conteúdo hipoteticamente excitante.
O resultado, porém, depende da interpretação formal desse conteúdo.

Em silêncio

http://www.youtube.com/watch?v=DuXTiuvp7pg


Para chorar

http://www.youtube.com/watch?v=izl-oDZP1TM


O melhor ...


É relativamente impossível tentar explicar, mesmo a grande parte dos adeptos do Benfica, por que razão Nuno Gomes é o melhor avançado português. Os avançados sempre foram os jogadores mais criticados da galáxia do futebol. Quando não marcam golos, assume-se que são maus porque essa é supostamente a sua única função. Veja-se o que sucede actualmente com o excelente Liedson. Sobretudo em Portugal, há uma variação curiosa deste modelo: a crítica aos avançados que marcam golos mas que não correspondem à figura do artista de circo. O caso evidente é o de Jardel. Um génio maltratado. A função do avançado no futebol moderno é vasta e complexa, não se resumindo aos golos, embora na cabeça dos adeptos indígenas, o futebol continue a ser uma espécide de jogo por compartimentos fechados. Tudo isto para dizer que Nuno Gomes é dos avançados mais completos a jogar em Portugal: cria inúmeras oportunidades por jogo, cria inúmeras oportunidades para os companheiros mais próximos, consegue ao mesmo tempo ser um pivot de distribuição, é altamente inteligente e ainda defende bastante. Além de isto tudo, ainda consegue marcar muitos golos. Não é fácil pedir mais.



Nos escombros do combate a Rui Rio, o status quo da arte portuguesa agita, via notícia no Público, "É a cultura, estúpido", o argumento economicista. A cultura, numa versão lata em que não se distingue o peso dos factores dentro do bolo, dá dinheiro, muito dinheiro. Tenta passar-se a ideia de que o investimento do estado na cultura não é um subsídio cultural mas participa de um investimento industrial. Procura-se, assim, abafar as críticas realizadas aos subsídio-dependentes, já não mais um conjunto de artistas etéreo, mas agentes económicos ao serviço das finanças da nação. O argumento acaba por tropeçar em si próprio, ao remeter para a esfera mercantil a relação entre produção e recepção cultural. O princípio da criação passa a servir o argumento económico, isto é, procura responder-se à pergunta como vender? Aceitam-se, assim, as regras do jogo. A responsibilização do artista perante o público, algo inerente á lógica do subsídio, obriga a uma generosidade diferente, muitas vezes ignorada por egos artísticos relativamente distantes do mundo. A aritmética financeira devia apenas ser o resultado desse esforço.




Os pataqueiros


É que me esqueci de dizer há um bocado que a RTP me mete nojo. Para além da Fátima Campos Ferreira, que é inadjactivável, e da Judite de Sousa, mais a sua subserviência em relação a Vitorino, no mesmo noticiário em que cagaram para a cena do trinubal de contas, os manos resolveram informar-nos um pouco sobre as presidênciais francesas e, em particular, sobre as possibilidade de Ségolène Royal poder ser a candidata do PS local à presidência. Faz sentido. Vai haver uma eleição presidencial num dos maiores países europeus e uma gaja pode ser presidente. Como é que os manos abordam o tema?
À pataqueiro, se me permitem, desde já, uma resposta. Paulo Dentinho vai à terra da senhora, onde os portugueses constituem 20% da população. Mostram-nos a bandeira portuguesa na Câmara Municipal e entrevistam uns tugas numa tasca a jogar às cartas. O ângulo patriótico já está coberto. Falta o factor gaja. Como é que isto se resolve? É fácil. Vão falar com uma gaja portuguesa que ocupou um cargo político menor na respectiva câmara e perguntam-lhe se ela vai votar na outra senhora por ser gaja. A gaja que estava a ser entrevistada, dignamente, disse que era fixe uma gaja poder ser presidente, mas que não ia votar na outra por ser gaja. A notícia fecha, Dentinho vai beber um chá e a RTP passa para a próxima. Acho que eram esgotos a rebentarem em Lisboa à pala da chuva.



Depois do elogio do sensacionalismo, o elogio do populismo. Quando André Freire diz que o governo é de direita as massas, pelo menos as que nós conhecemos, aplaudem. Quando PCP e o Bloco falam no Bloco Central e na corvergência de interesses entre PS e PSD, ou pelo menos nos interesses que representam, a malta corre para as urnas. Assim sendo, porque é quando as massas populares nos dizem que "eles são todos iguais" a malta franze o sobreolho e olha para o pessoal que diz isto como se fossem atrasados mentais?
O sentimento anti-parlamentar e anti-político mais do que ser perfeitamente legítimo é sobretudo revelador de uma brutal resistência às elites que temos e da incapacidade destas em construírem uma hegemonia cultural digna desse nome, apesar de disporem para esse fim todos os meios que poderíamos imaginar. A incapacidade que a esquerda tem em mobilizar para os seus próprios fins este sentimento diz bastante do que é, por onde é que anda e para onde vai.



O Tribunal de Contas catou o governo em pleno processo de desorçamentação. Uns 375 milhões de euros. Não faço a mínima ideia de quanto é que isto é, se é muito ou é uma insignificância. Porém, Sócrates havia jurado três dias antes, em pleno congresso do PS, que este tipo de esquemas não eram com ele. O Ministro das Finanças andou a semana toda a dizer a mesma merda e a lançar ataques ao PSD. Porém, quando a notícia estala o que é de facto um facto político incontornável, principalemnte tendo em conta o gosto da populaça por escandâlos e contradições, a única televisão a dar o devido destaque ao assunto foi a TVI, numa peça diga-se, muito bem construída. Foram buscar declarações anteriores e confrontaram-nas com as práticas e as contradições. O que o jornalismo deve ser. A RTP deu, perdoem-me o momento Cintra Torres, a notícia de passagem lá para o minuto 18. A SIC preferiu explorar as virtualidades do caso Veiga, esse baluarte de virtudes, de acordo com um dos companheiros de hotel.


A imbecil


Em baixo, carta enviada por uma cidadã preocupada com o bem estar de um animal à Câmara Municipal de Lisboa. Já para as pessoas com dez anos a viverem da esmola está-se aparentemente a cagar e não acha o cenário particularmente deplorável.

Caros Senhores,
Venho por este meio solicitar de alguma forma ajuda à vossa instituição (para tentar dar solução a um problema directamente exposto em praça pública), uma vez que tem como objectivo a preocupação e defesa dos direitos dos animais. O que me faz escrever tem a ver com uma situação, que se calhar já é do vosso conhecimento, pois para isso, basta apenas percorrer a rua Augusta na baixa de Lisboa, ou seja, deparamo-nos entre outras lamentáveis visões, com esta - a de crianças que tocam acordeão e se fazem acompanhar por um cão, normalmente bebe (com menos de 1 ano de idade, sujo e amedrontado) que segura o dia inteiro um cesto com esmolas, o animal é mantido sentado numa caixa e sob ameaça de maus tratos (por mim observados, basta uma observação de cinco minutos ao longe) segura pela boca um cesto de moedas... Já me dirigi a uma dessas crianças e lhe fiz chegar a mensagem, de que a fazer com o animal aquilo que porventura fazem com ele (obrigar a trabalhar e submeter a maus tratos) não lhe dava qualquer "moeda"... A questão é que este problema é alimentado pelos transeuntes, pessoas que passam e que ao acharem muita piada à triste imagem, dão dinheiro às crianças...se todos os informassem de que aquele comportamento não está correcto ao invés de lhes darem o dinheiro, talvez as coisas mudassem...Ou através da pressão de instituições como a vossa, a Câmara Municipal de Lisboa (no caso) não permitisse e vigiasse estes abusos contra os animais...que apesar de tudo são proibidos por lei, pois apesar de se tratar de crianças, a lei proíbe o uso de animais (e respectivas habilidades) com o objectivo de se conseguirem recompensas monetárias... Muito sinceramente, sempre que vou à baixa fico de coração partido, angustiada e revoltada com todos estes cenários deploráveis e não consigo ao contrário da maioria, passar, deixar a moeda e prosseguir como se tudo estivesse bem... Apelo à vossa ajuda, quanto menos não seja, para tentar alertar a consciência das pessoas, dissuadi-las a apoiarem estas situações e talvez conversarem com estas crianças e fazer com que entendam que o que fazem está errado, que é o que sempre tento fazer... Agradeço desde já a atenção dispensada e tudo o que poderem fazer para minimizar este tipo de abuso contra animais tão indefesos. ( A foto em anexo é reveladora da situação que descrevi, foi tirada a uma dessa crianças...) Atentamente, Carla Rodrigues


O fenómeno


Na habitual histeria nacional dos recordes, José Manuel Delgado faz-nos hoje o favor de debitar uns disparates no seu Editorial n' A Bola. Disparates que derivam, certamente mais de ignorância do que de má fé, embora o habital elogio à Instituição esteja, como não podia deixar de ser, assegurado. O argumento é o seguinte: o Benfica é o maior. Um fenómeno como não existe outro em parte alguma do Mundo. A prova: com uma base potencial de recrutamento de adeptos muito menor do que alguns dos grandes clubes europeus, é o clube com mais sócios no Mundo.
Importa, neste sentido, clarificar alguns pontos. O argumento falha precisamente na questão das bases de recrutamento. Ao contrário do que sucede na maior parte dos países europeus, em Portugal existem dois clubes que têm uma dimensão nacional, e um outro que para lá caminha, embora não se consiga desmarcar das suas raízes regionais. Estar a extrapolar esta especificidade portuguesa para a Alemanha, a Espanha ou a Inglaterra não faz sentido. Sem querer estar a incomodar o leitor com demasiados pormenores, o que podemos dizer de modo a sintetizar o argumento é que fruto de processos de desenvolvimento e urbanização mais equilibrados, nestes países as pessoas tendem a ser adeptas do clube da sua cidade. Não existem clubes nacionais. O Manchester é um projecto nesse sentido, mas não entra na maior parte das principais cidades inglesas. O Bayern recruta na Baviera, mas concorre mais pelo menos mais dez clubes de dimensão similar no plano nacional. Espanha será o caso mais parecido com o português. Mesmo assim o Real Madrid não recruta no País Basco, na Catalunha, na Galiza ou na Andaluzia com a mesma facilidade que o Benfica recruta em Trás-os- Montes ou no Algarve.
Onde queremos chegar com esta conversa toda é que o Benfica é o clube com mais sócios do Mundo porque de facto tem uma das maiores bases de recrutamento de adeptos no Mundo. Não é assim particularmente extraordinário o facto de ter chegado à marca dos 160 mil sócios. Estranho seria não os ter. Extraordinário é sim, o empolamento que é dado à questão e a incapacidade de a enquadrar de um modo talvez um pouco menos histérico.


The Pipettes



É pena é a maioria dos eleitores não concordar...



Eventual vitória de candidato sandinista gera pânico na Nicarágua, é o título da notícia que o Púbico de hoje dedica às eleições naquele país.


Elias not dead




    António Vicente

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