HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




...aos pavilhões de Lisboa


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A assembleia geral do Sporting realizada na semana passada no pavilhão Atlântico oferece-nos mais um exemplo da influência que o enquadramento mediático tem na legitimação da "ordem", e apresenta-se como um estudo de caso exemplar sobre a produção das "vagas mediáticas".
O projecto Roquette passava essencialmente por dois eixos: subtrair o clube "ás bolas que batem na barra", por via de uma gestão rigorosa e assegurar um conjunto de receitas extra-desportivas. O projecto falhou na íntegra. O orçamento da discórdia contemplava receitas da Liga dos Campeões que, como todos sabemos, nunca chegaram a entrar, e o tecto para a aquisição de novos jogares foi largamente ultrapassado. Gestão rigorosa portanto. Daí os 15 milhões em défice. As superficies comerciais que deveriam proporcionar as receitas dão prejuízo, embora exista a possibilidade de no medio prazo virem a dar lucros, daí a necessidade premente de alienar o Alvaláxia. O bingo passou a uma situação deficitária, a culpa é do Euromilhões. A argumentação para tudo isto revelou-se frágil. Soares Franco, que fez parte das direcções do clube nos últimos dez anos, fez como se não fosse nada com ele. Chegou ontem e tem um projecto inovador. O falhanço do anterior projecto deveu-se a Bin Laden e à explosão da bolha bolsista ligada às novas tecnologias (não é piada).
Mais ainda, a assembleia geral permitiu-nos finalmente compreender os interesses objectivos que motivaram o projecto: a apropriação de um conjunto de terrenos do Sporting com um brutal valor de mercado. Terrenos que valeriam 190 contos o m2 foram vendidos por cem, a empresas que têm no seu quadro dirigentes do sporting. O saque está feito. Soares Franco quando interrogado sobre se estava na Assembleia enquanto comprador, na medida em que gere a OPCA, empresa interessada na compra do edifício Visconde, ou vendedor mais uma vez respondeu com o número da virgem ofendida. Nada disto encontrou eco nos meios de comunicação social.
Mais curioso ainda é o facto de no dia seguinte à entrevista de Peseiro, que acusava os jornais de serem dominados pela agenda dos clubes, termos tido a possibilidade de observar o início da contra vaga mediática. Apenas a "situação" teria doravante o direito à palavra. Os jornalistas apresentavam a "alienação" como inevitável, a oposição não apresentou propostas alternativas. A este propósito nem vale a pena citar jornais desportivos, mas a inenarrável prestação de Paulo Garcia no programa de opinião dos espectadores da SIC Notícias às 5 tarde do dia da Assembleia será suficiente para revelar a peça.
Claro que o carácter chantajoso da proposta não foi mencionado. Nem o trajecto de Soares Franco e seus compadres nos últimos dez anos. A gestão Roquette não foi revisitada, nem confrontdas as posições actuais com as de então. O facto de Soares Franco ter falado durante uma hora e meia na Assembleia contra 32 minutos do total dos sócios passou ao de leve. O facto de quatro em quatro intervenções dos sócios surgir uma proposta na mesa para proceder de imediato à votação, cortanto por essa via a palavra a dois dos já assumidos candidatos também não foi noticiada.
Assim a proposta de "alienação" que encontrava brutal resistência nos sócios chumbou por míseros 2%.
A vaga continua. Soares Franco é agora o avatar Cavaquista no espaço leonino. O homem providencial, a Razão, que nos vai salvar das hordas de fanáticos guiados pelo seu sentimento mas que não percebem nada de gestão.



    António Vicente

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