HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




É um azar do caralho


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Ainda há um bocado, no fim do jogo do Braga, o Rui Águas dizia que o Braga teve azar. Com o Sporting ouviram-se queixumes semelhantes. No caso do Benfica não foi tanto assim, mas também foi um bocado, e com o Manchester foi muito. No Porto-CSKA a mesma merda. Isto para dizer que é muito raro uma equipa portuguesa perder sem ganhar moralmente. O argumento do Rui Águas para o Braga hoje pode ser considerado o argumento padrão. Um golo sofrido resultante de uma desconcentração, de um ressalto, de um azar, de um fritanço de um gajo qualquer que compromete o colectivo. Intervalo. A equipa recomeça bem e coloca o adversário sobre pressão. Precisamente neste momento e fruto de mais um lapso, um mamanço ou de má sorte o adversário mete o segundo em contra-ataque e a coisa segue a partir daí em tons mais ou menos festivaleiros. O problema deste argumento é que o Benfica, o Sporting, ou outra equipa portuguesa, qualquer uma que não seja treinada pelo Mourinho, quando se vê a ganhar por 1-0, conquistado invariavelmente com um intenso labor nunca vai aos três ou aos quatro com equipas de valor mais ou menos equivalente. Os jogadores das equipas adversárias, para cúmulo do azar, não fritam dos cornos com tanta facilidade, nem escorregam, não falham as marcações, nem nada.
O azar está para o futebol português nas competições europeias como o árbitro está para o Luis Campos, o Mário Reis, o Professor Neca, o José Mota ou o Couceiro no campeonato nacional. Têm equipas mais fracas, jogam à defesa e de forma mais ou menos cobarde, com tácticas mal amanhadas e com jogadores que não dão mais de sessenta minutos, mas foda-se... se o árbitro não tivesse marcado aquele fora de jogo ao Bolinhas a história do jogo podia ter sido diferente.



    António Vicente

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