A greve geral não existiu, como a guerra do Iraque. Não existiu por duas razões que já foram abordadas, partindo de diferentes pontos de vista, pelo António, nesta mesma baiúca, e pelo
Rick Perigoso no Spectrum: não existem sindicatos dignos desse nome em Portugal, por um lado, e por outro as transformações estruturais da economia e do trabalho em tempos de capitalismo retro-avançado ( a original via portuguesa para o capitalismo) impedem muitos de participar na greve. Mas não foi pelas notícias que chegámos a esta conclusão. O que descobrimos nas notícias foi mais uma vez a fixação pornográfica com os directos e o rebarbatismo com os transportes públicos. Junte-se uns pózinhos de indigêngia intelectual dos jornalistas, que nada mais fizeram, para lá dos já referidos directos nos barcos do Cais do Sodré, do que ouvir os números dos sindicatos e do Governo. O resultado é a simples anulação da greve enquanto acontecimento e a desideologização completa da luta social. Tudo o que nos foi apresentado foram pessoas a tentarem chegar ao trabalho sem que os mafiosos dos sindicatos dos transportes as deixassem.
Etiquetas: Foda-se, Ou, só oito dias depois é que me lembrei que o título pefeito para a posta era " A greve dos acontecimentos"