HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




A política empiríca


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Embora o empirismo possa muitas vezes ser sinónimo de desconhecimento, de uma relação tacteante com o mundo ou de desarticulação ele pode também significar humildade, abertura e criatividade. Não querendo cair cair no tecnocratismo cavaquista, se há algo que o caso das maternidades demonstra é a extrema preguiça e ignorância de toda a oposição, comunicação social, grupos corporativos e populações interessadas. Se não, vejamos.
Tal como nas escolas do interior, com o argumento de melhorar serviços o governo propõe o encerramento de uma série de maternidades. A motivação não é essencialmente de cariz economicista mas visa melhorar os serviços prestados à população. É credível. Não me parece que alguém que passe a ter que se deslocar 13 Km em vez de 4Km, saia profundamente prejudicado. Os casos de Famalicão (passa para St. Tirso) e Barcelos (passa para Braga) são exemplares. Outros há que serão mais discutíveis, como Mirandela. O que eu gostaria de ter visto por parte dos meios de comunicação social e dos partidos de esquerda era a réplica ao governo fundamentada em dados concretos. Terão os hospitais capacidade para receber os novos utentes? As classes médias de Barcelos et al. deixaraõ de ir dar luz a Braga, deixando o hospital para as classses baixas, com a resultante quebra na qualidade dos serviços? Quantas clinícas privadas é que vão abrir nos locais onde as maternidades vão ver encerradas? Os serviços fechados vão ser compensados por uma cliníca geral mais eficaz e competente? etc, etc, etc...
O que é que vimos? Em Barcelos, que nos parece demostrativo da situação, a população entra numa onda paroquialista e diz que não quer que os filhos nasçam em Braga, sem mais. Os funcionários do serviço encerrado fazem o número da virgem ofendida e entram em greve, como se a sua incomptência fosse a única justificação possível para alguns problemas, A esquerda junta-se às forças políticas tradicionalistas, sem sequer se interrogar ou apresentar dados que possam contradizer o Governo. O cidadão eleitor esse é tratado como um atrasado mental, mesmo pelas forças que se dizem progressistas. A exploração dos sentimentos mais primários das populações não é exclusivo da direita. Uma esquerda séria teria juntado os dados, demonstrado empiricamente quais as unidades que poderiam ser encerradas, quais é que não. Teria exigido que o espaço e os recursos libertos fossem ocupados por uma secção de cliníca geral mais eficaz e mais o caralho. Mas não. Só os vemos a estrebuchar contra o fim dos serviços públicos, os direitos adquiridos e mais o caralho, sem me explicarem, porquê.



    António Vicente

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