Se a minha avó tivesse rodas
Thakrar, quinta-feira, janeiro 18, 2007 | Enviar por e-mail
Depois de Geoge W. Bush são os pequenos arbustinhos que vegetam neste jardim à beira-mar plantado que, com, como se diz aqui no bairro, uma cara podre inacreditável, aplicam a lógica do ataque preventivo a tudo o que mexe. Rui Ramos, na sua habitual coluna no Público, diz que Saddam não tinha mas podia ter arranjado umas armas de destrição maciça e que isso seria a puta do apocalipse. Muito diferente do que de facto está a contecer, não haja dúvida. Vive-se no Iraque um ambiente de paz, liberdade e justiça e já cheira a democracia por tudo quanto é sítio. Hoje é a vez de Luciano Amaral, no DN, dizer que a diabolição do salazarismo se faz à conta do esquecimento dos crimes que as vítimas do salazarismo
estariam eventualmente dispostas a cometer ou
poderiam ter cometido caso
tivessem assumido o poder. Uma alegria do caralho, e de uma honestidade intelectual admirável.
Fica a citação para não dizerem que sou paranóico.
Parece que a moda da utilização da História para ajustes de contas políticos está para ficar. Em Espanha, vários partidos propõem uma Lei da Memória Histórica que "reabilite" as vítimas do franquismo. Em Portugal, uma associação cívica propõe a "reparação" das vítimas do salazarismo. Na Polónia, um bispo vê-se obrigado a recusar o arcebispado de Varsóvia depois de descoberta a sua "colaboração" com a polícia secreta comunista. O interessante aqui é o unilateralismo moral. Como se fosse possível a condenação de regimes pretéritos por decreto, esquecendo tantas outras coisas. Esquecendo, por exemplo, que muitas vítimas do franquismo foram elas próprias autoras de crimes horrendos; ou que tantas vítimas do salazarismo estariam prontas, uma vez tomado o poder, a fazer o mesmo ou pior do que o regime que as reprimia