HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




Conchas no fundo do mar


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O pântano consensualista com o bafio de sacristia vai-se apoderando do país. Uma frase bombástica é sempre boa para começar qualquer debate e correr logo com as alminhas mais susceptíveis. Mas admito; ando com medo. Medo que o salazarismo saia da tumba e medo de ficar sem amigos. As últimas semanas foram algo chocantes. Desde o caso do jovem moderno, urbano e sofisticado do "não" até outro, desta vez advogado, com que apanhei no outro dia, que papagueava o argumento de Jaime Nogueira Pinto " é preciso compreender as coisas no seu tempo histórico" enquanto dizia que o Salazarismo teve bastantes coisas positivas e que o Hitler e o nazismo até foram positivos para a economia alemã, até que as coisas começaram a correr mal em 1940, passando por um outro, que dizia que quando os ciganos vendem na feira aos "portugueses" estão a exportar, porque vendem para uma cultura que não a deles, e que não são portugueses porque a única relação que têm com os portugueses é para lhes vender coisas e que quando os vê no hospital eles olham de lado para ele e que os ciganos e os indianos e os pretos é que se fazem de vítimas quando os verdadeiros racistas são eles, sinto-me rodeado por salazaristas e imbecis, apesar de serem boas e simpáticas pessoas. Pessoas amigas. Como se não chegasse o sequestro do consenso social por parte das forças conservadoras (se não há novo consenso o consenso é o que existe, embora possa não ser consensual) bem visível no discurso inadjectivável de Marques Mendes, e a utilização do relativismo moral e histórico, que tanto criticam na esfera dos "valores morais", para o revisionismo histórico e defesa da Velha Senhora esse discurso passa para o quotidiano não somente através da mimetização papagueada de argumentos que os seus próprios proponentes são incapazes de sustentar fora do macaqueamento mas também por uma ética da tolerância que oblitera qualquer possibilidade de debate e de reflexão crítica sobre a vida. A opinião adquiriu, nalguns circulos sociais, o estatuto anteriormente reservado exclusivamente ao gosto: não se discute. quanto muito troca-se. A sombra do Doutor Salazar persegue-me para onde quer que vá. Preciso de ajuda.



    António Vicente

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