Anos cinquenta. O clube portugues do Bairro da Malhangalene, filial do F.C. Porto, pede mais uma vez autorização para realizar um torneio de boxe com pugilistas indígenas. O pedido passava pelo Comissariado da Polícia, pela Secretaria dos Negócios Indígenas e pelo Governo-Geral. Geralmente era aceite. O boxe teve papel importante na criação dos primeiros heróis desportivos negros na então Lourenco Marques, os únicos que competiam em popularidade com os jogadores de futebol, mas aqueles que vinham dos estratos sociais mais baixos. Nos pedidos do Clube da Malhangalene estavam descritos as parelhas dos combates com os nomes dos oponentes. O ambiente é de filme policial de serie B, e conseguimos imaginar uns empresários brancos com pinta de Humphrey Boggart. Faltou a Moçambique um Fernando Lopes para filmar a história destes Belarminos. Ficam os nomes para a posteridade: Franscico Bila, Jaime Mosquito, Vic-Towell, Zacarias Texas, Kid Armistrong, Gafanhoto Baloi, Refinado Jose, Joe Black Gabriel, Jake La Mota, Francisco Gorila, Jack Tuli e Benjamim Blak.