As novas subjectividades, contituídas em tempos de capitalismo tardio, julgam-se portadoras de um incomparável sentido estético. De resto, e como os próprios blogs indicam, muita gente pensa que tem algo de original para dizer. Abundam os escritores, os músicos, os fotógrafos e os pintores (o que não faz um carocho por um pintor?). Associada a esta pulsão encontra-se outra: a da formação e da requalificação. Multiplicam-se não apenas as formações para desempregados e para as estatísticas europeias, como cursos sobre tudo e mais alguma coisa: artes diversas, yoga, política, culturas, história, línguas e o caralho. Desta síntese emerge a questão que nos atormenta: já alguma vez um atelier de escrita criativa produziu um bom escritor ou é só uma forma de sacar guita a pessoal de classe média com pretensões artísticas galopantes e dinheiro a mais?
Resulta daqui, e como dizia um jornalista old school, que ninguém tem tempo para ler porque está tudo demasiado ocupado a escrever.