HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




Assim vai o mercado da revolução


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Chegam frágeis a Maputo as notícias sobre Paris. Surgem também em fragmentos, ainda mais escassos, as interpretações portuguesas sobre os eventos. Os poucos dados indicam, porém, que do lado das esquerdas já se trabalha teoricamente para categorizar o que se passa na consciencia de estudantes, grevistas, povo suburbano e outros manifestantes. A esquerda tem longo património na arte da categorização. A Mona-Lisa desta arte é a consciencia de classe, criação marxista entretanto abandalhada por todo o género de marxista, especialistas na interpretação do que se passa nas cabeças dos outros, especialmente quando isso suportava todo o tipo de projectos políticos. Medir a mente dos outros, normalmente de longe, encontrando-lhe uma racionalidade política tornou-se num desporto muito praticado. Com a míngua de actores históricos revolucionários, com o proletariado em baixo de forma e desgastado por todos os comunismos, há que criar novos heróis, normalmente através de invenções de gabinete, devidamente enfeitadas por notas de rodapé inteligentes. O drama é tão grande que de uma classe fracamente conceptualizada passamos para conceitos que estavam na prateleira, como povo, ou nas novas versões pós-modernas as multidões. Outros procuram na história heróis camponeses, transformando esfomeados destruidores de máquinas em sofisticados anti-capitalistas. Os destruidores de Paris, que convinha realmente serem compreendidos, também já são, para uma esquerda pós-comunista relativamente delirante, os anunciadores da ideia nova, que só estes novos categorizadores compreendem. Nós, consumidores da revoluçã0, estamos fartos de ser enganados. Queremos melhores produtos, mais informados, menos idealistas e realmente marxistas.



    António Vicente

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