HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




Estado de privilégios


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Ontem, por volta das nove e tal, entre o jogo do Chelsea que terminava e o do Real Madrid que se iniciava os espectadores poder-se-ão ter deparado, na SIC Notícias, com um sinistro debate entre João Cravinho e outro gajo qualquer cuja figura não consigo associar ao nome. A sinistra figura estava lá aparentemente em defesa da posição da Santa Casa da Misericórida de Lisboa na questão do aborto, que era tão somente era a seguinte: " Mesmo que seja despenalizado nos nossos hospitais não". Tentei confirmar a posição hoje nos jornais mas nem o DN nem o Público fazem qualqur referência ao facto. Ainda não espreitei o 24 horas e o CM.
A situação da SCML no país não é muito diferente da dos clubes de futebol profissional. Os seus privilégios derivam da incapacidade do Estado em providenciar um conjunto de serviços básicos para que se possa afirmar enquanto poder. No caso dos clubes de futebol a prática desportiva. No caso da SCML assistência social e cuidados de saúde. Em troco deste serviços o Estado financia faustosamente a instituição, com receitas que chegariam para construir várias dezenas de hospitais por ano ou pagar o Rendimento Social de Inserção a largas camadas da população. Mais ainda, nalgumas zonas do país a SCML substituí-se ao Estado, Segurança Social e Hspitais, na prestação dos serviços correspondentes.
A argumentação do sinistro não era directa, como nunca é, neste casos. Não dizia, embora fosse isso que dizesse, que os Hospitais da Misericória se iriam recusar a realizar abortos. Dizia que poderiam colocar objecção de consciência, ao que Cravinho, e bem, respondia que essa é uma prerrogativa de indiviudos e não de instituições. Numa onda Gentil Martins, dizia que há prioridades. Que pessoas com cancro teriam de deixar de ser tratadas para que umas putas quaisquer pudessem abortar, ao que Cravinho, e bem, respondeu que se trata de uma questão técnica e que existem soluções para isso. Daqui o Sinistro passou para os instrumentos necessários ao aborto e como os Hospitais da Misericórdia não os teriam, ao que Cravinho respondeu, e bem, que se podem arranjar. Finalmente chegamos ao ponto. O cavalheiro da sinistra figura ameaça directamente o Estado quando diz que se a CSML for obrigada a avançar com os abortos pode simplesmente deixar de providenciar os restantes serviços que presta à população, e que isso poderia causar graves problemas ao Estado português. Assim, estilo chantagem.
Ontem foi o juiz e a história da violência doméstica e os paneleiros. Agora é a vez da SCML e o aborto. Ao menos ficamos a saber na mão de quem é que o Estado se encontra.



    António Vicente

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