HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




Nem sei que diga


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O debate sobre a despenalização da IVG trouxe-nos grandes novidades, à direita do espectro político. Por um lado não foi surpreendente, na medida em que a intolerância lhes é habitual, a xenofobia que os defensores do não revelaram em relação aos espanhóis e em particular às clínicas espanholas que se irão instalar em Portugal. Elas foram-nos apresentadas como sendo os mensageiros do apocalipse. Propriedade de médicos que só pensam em dinheiro e que por isso vão elevar o aborto para dimensões nunca antes vistas. Ora, apesar de xenofobia subjacente a estas ideias, não deixa de ser reconfortante ver os maiores defensores do mercado livre a afirmarem-se exactamente contra o mercado livre. O que nos dizem é que neste caso a legalização de estabelecimentos que realizam a IVG tem que ser regulada e que o seu funcionamento não pode ser deixado à mão invisível. Ou se calhar não é bem isso. É que eles não querem legalizar nem criar regulamentos que não deixem as coisas ao critério de médicos, abortadeir@s e outros que tais sedentos de dinheiro. Olhem, desculpem lá, mas já não percebo nada.... Por outro lado, estes discursos revelam uma profunda desconfiança em relação às burguesias nacionais. O exemplo são sempre as clínicas espanholas. Deve ser, certamente, porque acham os portugueses incapazes de apanhar uma oportunidade de negócio e concorrer num mercado globalizado, ou neste caso iberizado.



    António Vicente

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