HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




Estruturas e conjunturas


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Por mais desprezo que o nacionalismo nos mereça é impossível não ceder à tentação de comentar a convocatória da selecção para o Mundial, e de um modo mais geral o trabalho de Scolari.
Comecemos pelo insulto fácil: Scolari é um treinador de merda. Dito isto, é também campeão do mundo, embora até a avó do Luis Campos o pudesse ser, se treinasse o Brasil. Também levou a selecção portuguesa aos seus melhores resultados de sempre.
Portugal apenas marcou presença em três fases finais de campeonatos do mundo (66, 86, 2002), duas delas com participações absolutamente desastrosas. Participações em campeonatos da Europa foram apenas 4 (84, 96, 2000, 2004), aqui geralmente com bons resultados. Levou Portugal à sua primeira final, e é apenas pela segunda vez na sua história que Portugal vai ao Europeu e ao Mundial consecutivamente. Vendo a coisa por este prisma o homem até não parece mau. Ao contrário do que se diz, mesmo o grupo de apuramento para o Mundial oferecia algumas possibilidades para o desastre, como a história do futebol português o demonstra. Scolari tem ainda o mérito de limitar algum do caciquismo que tradicionalmente corrompe a selecção. Figuras como Madaíl ou Pinto da Costa apenas levam desprezo, ou troco, do sargento. Tem ainda o mérito de ter criado um grupo coeso e estável.
Aqui é que as coisas se começam a complicar. A criação deste grupo foi quase forçada. Depois de muito tempo a recusar seguir o Porto de Mourinho, apenas quando encostado à parede pelos fracos resultados é que Scolari abdicou da sua teimosia. Para dois anos mais tarde cair no mesmo erro. Se a ideia de mérito é essencial no funcionamento de uma selecção nacional, não se compreende a insistência numa série de jogadores que pouco antes do Europeu nem sequer eram convocados, e agora apesar de nem sequer jogarem nos seus clubes têm lugar garantido na equipa. Como explicar a ausência de Moutinho e Quaresma?
Os resultados, anteriormente citados, também enganam. Portugal tem apresentado resultados sucessivamente melhores nos Europeus.
Perante tudo isto como aquilatar da influência de Scolari? Reflexo de transformações estruturais no futebol português (desenvolvimento das camadas jovens, cada vez mais jogadores em clubes de elite, com a consequente derisão das rivalidades internas que poderiam prejudicar as prestações da selecção, etc...)? Ou serão os recentes resultados resultado da capacidade técnica e táctica de Scolari e acima de tudo da sua habilidade enquanto psicólogo e educador de estrelas mimadas?



    António Vicente

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