Depois do elogio do sensacionalismo, o elogio do populismo. Quando André Freire diz que o governo é de direita as massas, pelo menos as que nós conhecemos, aplaudem. Quando PCP e o Bloco falam no Bloco Central e na corvergência de interesses entre PS e PSD, ou pelo menos nos interesses que representam, a malta corre para as urnas. Assim sendo, porque é quando as massas populares nos dizem que "eles são todos iguais" a malta franze o sobreolho e olha para o pessoal que diz isto como se fossem atrasados mentais?
O sentimento anti-parlamentar e anti-político mais do que ser perfeitamente legítimo é sobretudo revelador de uma brutal resistência às elites que temos e da incapacidade destas em construírem uma hegemonia cultural digna desse nome, apesar de disporem para esse fim todos os meios que poderíamos imaginar. A incapacidade que a esquerda tem em mobilizar para os seus próprios fins este sentimento diz bastante do que é, por onde é que anda e para onde vai.