HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




O sr. Joaquim do Talho


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A propósito da luz e da inviabilidade do país. Está a construir-se na Amadora o maior centro comercial do rectângulo, da Península Ibérica, da Europa e do Mundo. É por isso que somos bons. Faz sentido. Em Portugal, chove todo o ano e está sempre um frio do caraças, o que explica que se construam grandes centros comerciais para as pessoas, que não podem usufruir da rua, se refugiarem. Como o dinheiro não nasce nas árvores alguém fica a perder com o aparecimento de mais 300 lojas. Basta um conhecimento atótózado de teoria marxista para perceber que quem se lixa é o mexilhão, isto é, o pequeno comerciante. Para que é que serve o pequeno comerciante? Para muito pouco, é normalmente conservador nos costumes e na política, desconfiado, pouco ousado,representante por excelência de uma mediocridade social, enfim, alguém que o próprio Marx queria enviar a 100 à hora para o proletariado, para ver se ganhavam um pouco de consciência de classe. Posto isto, é preciso reconhecer que o pequeno comerciante tem outras funções. O comércio é um poderoso instrumento civilizacional, nomeadamente porque, sem mais delongas introdutórias, junta pessoas. Ora, as pessoas que o grande centro comercial junta, são as que desaparecem das ruas. O pequeno comércio é fundamental para a política da vida quotidiana das cidades, para a vida da comunidade e dos bairros. Apesar de tudo, não é mau conhecer o sr. Joaquim do Talho e dona Mariazinha da padaria. A coisa é paroquial, mas sempre é mais criativo do que conhecer o empregado 37 da secção masculina da Zara que vai ser despedido dai a um mês para continuar a sua vida de proletário moderno no telemarketing de um tubarão económico qualquer. Haveria que reinventar o pequeno comércio. Claro que a coisa não pode ser deixada à mão livre do mercado. Pois.



    António Vicente

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