HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




Rituais


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A religião está na moda. Dizer mal da religião dos outros e elogiar a nossa, a do crente, isto é, é o corolário das lógicas mentais do pensamento religioso-fetichista das sociedades contemporâneas. O modo como as crenças se operacionalizam no quotidiano mostra-nos que elas se pragmatizam essencialmente pela repetição ritual de determinados gestos, que garantem a puridade durante a vida ao crente e o consequente paraíso ou a reencarnação depois da morte. Na generalidade dos casos, porém, a religiosidade nunca passa, felizmente, desa dimensão ritual algo ridícula. Se alguma vez estiveram perto de pessoas que jejuam nos dias sagrados devem saber como é que isto se processa. A relação que este pessoal mantém com o jejum é uma relação mais burocrática do que ideológica, se assim o pudermos definir. Um exemplo concreto. Com o jantar feito, mas a sopa ainda a cozinhar uma jejuadora recusa-se a começar a comer. Justificação: "não posso começar a comer e depois a sopa demora e vou quebrar o jejum porque isso conta como duas refeições". Isto é, o jejum conta como uma não pausa entre os vários momentos em que se leva a comida à boca e mantém-se desde que o comedaor não se levante da mesa. A ideia da refeição como um acto com diversos actos que podem eventualmente ter um intervalo entre si não conta para esta gente. Podemos enfardar à vontade desde que seja tudo seguido; agora parar dois minutos entre pratos é que é inaceitável. A ideia original de alguma frugalidade alimentar é coisa que nem sequer faz parte deste imaginário, graças a Deus, que não existe.



    António Vicente

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