O futebol de Peseiro merece não apenas uma posta, é digno de poemas épicos. A esse tema voltaremos, porém, mais tarde, embora não em verso. O discurso oco da generalidade dos treinadores portugueses não encontra eco em Peseiro. Ainda há um bocado, num programa da SIC Notícias, Peseiro dissertava sobre os diversos factores que podem afectar o rendimento de um jogador, perante o olhar evidentemente deliciado de David Borges. O Homem, com H grande, falava-nos do papel dos
media, da crescente comercialização do Jogo, da influência que os patrocinadores exercem neste processo, dando exemplos da sua experiência no Real Madrid. O modo como todos estes factores produzem interesses conflituantes num mesmo atleta. Argumentava que o futebol não pode ser separado da sociedade e sobre o modo como acaba por incorporar os defeitos e as virtudes desta. Distinguia entre o futebol amador e o profissional, etc, etc, etc... concluindo que no futebol contemporâneo o domínio técnico-táctico do jogo é apenas uma parte infíma do trabalho do treinador.
Apesar daquele ar de quem nunca está bem em lado nenhum é um deleite ouvi-lo falar sobre futebol. Apesar de muitos sustentarem que análises deste teor são apenas um bode expiatório para as derrotas elas representam talvez o mais articulado discurso sobre futebol que temos, em Portugal.