HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




Mais ou menos panaceia


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Rui Machete, hoje, na sua coluna do DN diz-nos que o que o país precisa é de capital social. Tive um professor que também entendia que o "atraso estrutural português" era justificado pelas lacunas de capital social. O conceito significa, para estes senhores, apenas duas coisas, muito básicas e incipientes: redes de contactos e confiança nas instituições que lubrificam o funcionamento do sistema. O problema é que numa sociedade contratual e que se quer aberta o capital social remete-nos para as velhas formas de controle social tipícas de socidades tradicionais, redescobre o valor da família, enquanto garante da ordem social e moral e vê nas redes de interconhecimento, que em Bourdieu são um mecanismo de fechamento e reprodução social, a condição para o desenvolvimento, tal como ele é entendido pela ciência económica. Isto na sua dimensão mais ou menos objectiva. Na sua dimensão mais ou menos cultural estes senhores entendem que o capital social é um recurso quase genético, no sentido em que ele está estritamente associado aos países de matriz anglosaxónica, sendo essa mesma matriz protestante que justifica o desenvolvimento sócio-económico dessas regiões. No caso do capital social que abunda pela Sícilia ou pelo Norte de Portugal, essas redes de interconhecmento já não são capital social. Ou melhor, são capital social negativo, na medida em que sobrevarorizam as solidariedades locais em detrimento das religiosas ou civilizacionais... (lá está, todos os protestantes amam-se até à morte).
Resulta daqui uma defesa do mercado aberto numa sociedade conservadora e moralista. Boa parte das investigações a que estes tipos se dedicam no nível micro são sobre o insucesso escolar dos filhos de mães divorciadas. As taxas de sucesso escolar entre os filhos dos imigrantes vietnamitas nos EUA (as gajas ficam em casa a tomar conta dos filhos). A importância das redes de interconhecimento e da endogâmia social para a fluidez dos negócios de diamantes entre os judeus de Nova Iorque. Não é à toa que o Fukuyama é dos maiores defensores do conceitos.
Chamem-lhes cons, neo-cons. Ou em português, os neo-pulhas ou os neo-trafulhas. Como preferirem...



    António Vicente

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