Londres parece cada vez mais um gigante desfile de moda. Talvez por isso se antecipe que depois de Blair seja o conservador Cameron a rumar para Downing Street. O homem-novo dos tories corresponde a um modelo cuidado: jovem, moderno, ecologista, gosta de arte, liberal nos costumes, confessou ter consumido drogas, tolera os gays, os emigrantes, etc. O seu provavel adversario, Gordon Brown, ao lado dele, parece um taberneiro engravatado. Joga-se neste universo de valores o resultado da peleja de 2009. Por um lado, deve relevar-se o modo como os anos Blair vergaram, em especial no que respeita a alguns costumes, o velho modelo conservador. Nada vai ser como antes. Por outro lado, tudo vai continuar na mesma ou, provavelmente, pior. Cameron vai falando em entregar parte do welfare a esse enigma chamado sociedade civil, colocar a caridade no lugar do contrato social. No que respeita ao Iraque, acha que anda a correr mal, mas apenas isso. Entende que a sociedade inglesa ganhou muito com os emigrantes, mas quer fechar ainda mais as entradas. Temas pouco interessantes, se considerarmos que a grande arma de Cameron se encontra no modo como encarna quase perfeitamente a vida de parte fundamental da classe media inglesa, lugar social onde muitos vivem e onde grande parte dos outros deseja viver.