Vozes malévolas poderão imaginar que o facto de em posts recentes terem aparecido dois vídeos iguais, um em cima do outro, é apenas a mais recente prova da profunda ignorância electrónica do escriba. Ora isso não é verdade. Também diziam que o Pollock só inventou aquela confusão pictória porque deixou cair uma balde de tinta na tela e que a sobrinha do carpinteiro que vive na cave pinta melhor que o Picasso e ao menos percebe-se e não é aquela confusão com cabeças de touros e lamparinas voadoras. Ora aquilo dos dois vídeos, que em linguagem artística se designa por instalação, é uma instalação. Além da evidente beleza visual representa a sociedade da reprodutibilidade técnica em tempos de franco desenvolvimento da indústria de massas. Note-se, porém, que a colocação dos vídeos, permitindo uma audição e visualização descordenadas, acaba por contribuir para desconstruir a próprias estruturas hegemónicas da forma cultural, rompendo, num evidente processo B.iano de distanciação, com a cultura dominante.