Procurar dinheiro no Portugal contemporâneo não é fácil. A solução mais evidente é o recurso aos progenitores. Quando isso não é possível temos um conjunto de actividades ilegais. Quanto não estamos para aí virados, seja porque motivo for, a solução é procurar trabalho. Para além do trabalho existente em Portugal ser acéfalo e mal pago, não é para todos. Apesar o discurso constante sobre a originalidade da colonização portuguesa e todo um conjunto de lugares comuns que lhe estão associados o mercado de trabalho prova como as coisas são diferentes. No trabalho tal como na atribuição de residência, na aquisição de nacionalidade, bem como no reconhecimento da paternidade o sangue continua a superiorizar-se à prática, se assim pudermos definir a coisa. Um exemplo muito simples. Em Portugal um estrangeiro residente não pode entrar para os quadros da função pública, e não apenas para a polícia e o exército. Em Inglaterra todos os postos na função pública, excepto no MI5, são explicitamente dirigidos para os cidadãos britânicos, europeus e membros da Commomwealth. Assim se tiverem um jovem monhé a residir em Portugal com todo o percurso escolar efectuado no rectângulo ele poderá candidatar-se aos postos de trabalho na função pública britânica, mas não na portuguesa. Claro que também podem ir ver a linguagem com que os anúncios são publicados em ambas as bolsas públicas de emprego e esse é um indicador de modernidade que funciona como o algodão.