HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




Cultura de Morte


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Depois de Luciano Amaral ter feito a equivalência entre os crimes cometidos pelo salazarismo e os potenciais crimes que as suas vítimas poderiam ter vindo a cometer no futuro, hoje é a vez do venerável Jorge Miranda, em mais um exercicío de má-fé intelectual vir por linhas tortas evocar a Constituição, a Carta Universal dos Direitos do Homem e o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos [por proibir a execução das milheres grávidas (mas executá-las se não estiverem grávidas é na boa)] na defesa da causa da penalização do aborto. Fá-lo recorrendo "ao carácter insubstituível de todo o ser humano, antes e depois do nascimento", figura que não deve ser fácil de encontrar nos referidos documentos. Mais ainda compara o caso com outro flagelo social: o da prostituição. Esta foi a linha argumentativa utilizada por alguns dos fazedores de opinião da imprensa de referência portuguesa aquando do referendo de 1998. O aborto, a prostituição, a droga, etc, são flagelos com os quais não podemos compactuar. Representam uma cultura de morte típica dos relativismos pós-modernos, que tudo aceitam. Para estes comentadores tratam-se de flagelos a combater sem quartel. Não deixa, porém, de ser significativo serem os opositores a esta "cultura de morte" os maiores defensores da pena de morte e das "invasões civilizadas" a que temos assistido nos últimos anos. Finalmente alguém devia explicar a estes bacanos que as putas não morrem por foderem. Morrem chacinadas por xulos e pela Sida, passada por seres másculos que encaram o preservativo como um entrave à sua plena realização como homens, e que um enquadramento jurídico decente poderia ajudar a salvar inúmeras vidas. Alguém também lhes devia explicar que se forem a analisar os dados, os carochos não morrem por causa da droga. Morrem por causa do gesso que os traficantes lá metem, para fazerem render o peixe, e que basicamante tem o efeito de entupir as artérias. A boa droga não mata. Pode moer, mas não mata. Também lhes podiam explicar que não é por criminalizem a prostituição o consumo de drogas ou o aborto que eles deixam de existir... Mas o problema é que travar um diálogo decente com este pessoal não é lá muito fácil.



    António Vicente

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