Aviso ao leitor, ao único. Isto não é uma crítica de cinema, porém o filme de Daniel "Grundig" Blaufuks, não vou fazer tracadilhos fáceis com o fuks, "Um pouco mais pequeno que o Indiana" merece alguns comentários. Com algum atraso é certo, mas de qualquer modo comentários. Ao contrário de Maputo, em Lisboa o typical continua a abundar.
Pelo pouco que se depreende da obra, a ideia do Sr. Grundig era banquetear-nos com uma visão disfórica do país, para contrabalançar as euforias nacionalistas do Euro 2004. Propósito até respeitável.Vai daí o mano pega numa câmara e vai pelo país fora filmar os novos estádios, as casas dos emigras, o pessoal a piquenicar em matas à beira da estrada, os labregos atolados em engarrafamentos à beira-mar, os pataqueiros a banharem-se em quarteira, as rotundas e o camandro. Os estádios desertos do pós-euro servem quase de fio condutor, se o houvesse. Isto tudo filmado sem qualquer tipo de nexo. O bacano limita-se a bombardear-nos com imagens que, sei lá, o meu primo com três anos era capaz de apanhar. O sócio cruza a representação de um presente decadente com entrevistas a turistas estrangeiros nos anos 60, provavelmente com uma finalidade irónica difícil de captar, pelo menos para os broncos como eu. Aqui vê-se um país typical, mas atrasado. A massa que poderia de algum modo salvar a merda do filme era o argumento, ou os comentários do amigo. A indigência mental atinge aqui o seu expoente máximo. Os comentários saem na voz desencantada do incompreendido. Nada de tentar perceber ou ligar os fenómenos. Nada de "politiquices" nas palavras do própio. A única coisa que nos é apresentada são estatísticas avulsas de sondagens de optimismo, alguns indicadores, daqueles manhosos, vindos do Banco Mundial ou coisa que o valha, e notícias na TSF sobre pedofilia.
Vista esta merda toda interrogamo-nos: - O que é que este gajo quer?
O gajo não quer o desenvovimento urbano, tal como o temos conhecido. É justo. Não quer o país typical dos turistas dos anos 60, embora tenha saudades do tempo em que os pataqueiros não iam todos para o Algarve. E também não quer um país à "europeia", apesar de ser com as estatísticas europeias que nos confronta o tempo todo. Não não temos nada de novo sobre o pátria, nem nenhum tipo de ideia/projecto/sonho/seja lá o que for que lhe queiram chamar. O trabalho de investigação foi nulo. É uma cena "pessoal". De modo geral, a melhor forma para o artista justificar a sua banalidade.
A única coisa que o Grundig nos oferece é uma quantidade brutal de racismo de classe do ponto de vista do intelectual Belas Artes/Bairro Alto/ King/Lisboa. Mais uma vez a bater nos mesmos, os pataqueiros que não se aproximam da sua sofisticação. Very typical de uma certa indigência presunçosa armada ao cosmopolita.
Um
Portugal no seu melhor para a malta sofisticada. O pessoal aplaudiu, reassegurada a sua superioridade. Podíamos estar a falar de José Gil, falamos de Blafuks.