Ao contrário do altissímo escriba não temos problemas na aquisição de tinteiros, impressoras ou outro material informático. Não podemos por isso dedicar postas sucessivas a esse tipo de questões. Isso não quer dizer que ir às compras seja para nós uma actividade isenta de problemas, antes pelo contrário. E essa condição merece ser partilhada. Ocasiões sociais específicas e as pressões familiares a elas associadas obrigam um gajo a procurar indumentárias frescas e socialmente aceitáveis. A missão do dia era simples. Uns chinelos multiusos, a puxar para o urbano, que substituissem outros já todos escafiados, e um pólo ou uma camisa digna de um casamento. Para fugir ao habitual Colombo, classe média baixa, dirigimo-nos ao Corte Ingês, espaço em Portugal bastante frequentado pela classe média média e algumas personagens das elites intelectuais aqui do bairro. O objectivo? Diversificar a paleta de cores do guarda roupa e fugir aos pólos monocoloridos da Springfield. A expecativa? O sóbrio Corte deve fugir às tendências mais jovem radical dominantes no outro espaço. O que se seguiu? Basicamente O Horror. Se procurar umas calças normais, por mais relativo e contextual que o conceito possa ser, era já uma tarefa impossível; as calças têm agora todas umas riscas, um desbotados, uns degradés, umas bocas de sino uns bootcuts e mais o caralho, encontrar um pólo que tenha umas riscas ou umas cores menos caretas do que as que usamos normalmente, sem porém cair no histerismo e na betice mais conspícua, é já também uma tarefa quase impossível. Este ano as cores dominantes são as misturas do pastel, na onda verde alface e azul bebé, com os florescentes, nos mesmos tons, mas mais estrilhosos. Os pólos de uma só cor simulam t-shirts por dentro e é muita fashion noutros casos as costuras estarem viradas para fora. Não há uma puta de um pólo normal com um tom de fundo e umas riscas noutra cor a condizer. O Horror. A onda parece ser o pólo rosa com riscas verde alface da Lacoste numa cruzada pela hegemonia global. O resultado? Os bens necessários foram adquiridos após várias horas de deambulação sorumbática pelo espaço e com a ajuda de uma mão amiga. O sofrimento por enquanto cessou. Continua nos próximos capitulos.