HotelLisboa

O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)




Utilitarismo racional e a teoria dos sentimentos morais


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A mercantilização que desde há algum tempo vem afectando o jogo, os jogadores, os dirigentes e os adeptos passou a atingir estes últimos de uma nova forma: o conflito de interesses ou a contradição insanável entre o princípio da realidade e o princípio do prazer. O responsável são as casas de apostas que desde o ano passado chegaram a Portugal. Permitam-me uma história.
Por motivos diversos, entre os quais podemos encontrar sentimentos tão nobres como a ganância e a arrogância intelectual, inscrevi-me no Betadine, qual Zandinga, certo de que os meus conhecimentos futebolísticos me iriam levar à fortuna. Contudo as apostas foram feitas utilizando dois critérios que raramente se sobrepuseram. Por uma lado uma análise fria, racional e maquiavélica dos acontecimentos. Não posso dizer que tenha corrido mal, no aspecto monetário. A coroa de glória foi a previsão do empate entre Alemanha e Argentina ao fim dos noventa minutos (depois explico o raciocinio aos interessados). Pagou 3.20 para cada euro apostado. O problema foi que apesar do prognóstico frio racional e maquiavélico do resultado desejava ardentemente a vitória da Argentina. Pelo que o golo na Alemanha a poucos minutos do fim era simultaneamento desejado e execrado. A lógica racional fodeu-me contudo, ou também aí, como preferirem e dependendo do ponto de vista. O maior responsável nesse aspecto foi a Suécia que não conseguiu ganhar aos simpáticos tobaguenhos. A aposta emocional, no entanto, também pagou, mais do que seria suposto, até. Portugal contra a Holanda por exemplo. Digo aposta emocional porque, independentemente do cálculo de probabilidades, não estava para nova mistura de sentimentos.
Nos jogos de Portugal com a Holanda e a Inglaterra as probabilidades da casa estavam sempre contra Portugal, quando uma análise histórica, racional e séria indicaria o contrário, tal como o momento de forma das equipas, aliás. Logo mais guita para os que apostaram em Portugal. Mas isto pode apenas querer dizer que o volume de negócios da casa é maior na Holanda e na Inglaterra do que em Portugal. Mais ainda que a tendência para apostar nos jogos que nos dizem alguma coisa será maior do que para apostar em jogos apenas sacar dinheiro. Mais ainda que os holandeses e os ingleses apesar se saberem que as suas equipas estariam condenadas ao fracasso, como costume, mereciam que eles pusessem o dinheiro onde tinham o coração. Num acto mais de fé do que de racionalidade económica. Mais ainda a Betadine sabe disto e manipula as probabilidades de acordo com as expectativas que tem do comportamento dos seus clientes e não de acordo com qualquer tipo de análise futebolística que possa ser feita.
Isto tudo para dizer que por mais que me paguem para o ano não aposto por nada deste mundo em vitórias do Benfica e do Porto para o campeonato, ou para qualquer outra competição.



    António Vicente

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