O porteiro do estabelecimento, Semion, acendera todas as lâmpadas das paredes e o lustre, assim como o candeeiro vermelho em cima da entrada. (Aleksandr Kuprin)
A única forma de garantir que as directas no PSD são limpas, sem fraudes eleitorais, boletins desviados, urnas queimadas, mortos votantes, etc, é convocar uma equipa de observadores da ONU que possam assegurar a legalidade do acto. Talvez não fosse má ideia mandar também uns quantos capacetes azuis, não vá o caldo entornar.
Fim de noite, há cinco minutos no táxi. Antena 1 no rescaldo do Benfica-Naval, Camachito acaba de falar e eu a querer perceber da gravidade da lesão do Petit. No momento em que íamos saber se era apenas mais uma "piquena ruptura na birilha", o homem do volante muda de estação. Rádio Capital, um pop a fugir para o disco-sound a cheirar a fins de setenta e princípios de oitenta. Já a coisa ia na segunda passagem pelo refrão e o motorista começa a bater com a mão no volante e a repetir "de onde é que eu conheço esta música?". Grande expectativa dentro do táxi, o tipo a coçar a cabeça e, por fim, lá se recordou, "era a música do atendedor de chamadas do telemóvel da gaja". Isto é, não da gaja mas de uma gaja. "Andei com ela uns tempos, conhecemo-nos num bar e saíamos de vez em quando". A partir de certa altura, continuou, deixou de me atender o telefone, sempre que telefonava a chamada ia para o atendedor de chamada. Ouvi dezenas de vezes esta música. "Passado algum tempo voltei a ligar-lhe e lá atendeu o telefone. Perguntei-lhe se queria ir à praia. Ela respondeu se e eu achava que com o que corpo que tinha estava em condições de ir à praia. Tinha tendência para engordar, estava gordíssima.
Tenho de ver o que vai acontecer à minha filha nos dias em que tem estes longos intervalos. Aconselhei-a a ir para a biblioteca da escola, mas vim a saber que é para lá que mandam as crianças com problemas de disciplina. Ficam por lá a realizar uma tarefa.
Apesar de todos os avanços na condição da mulher existem uma série de áreas nas quais esse processo não está concluído. No noutro dia em conversa levemente ébria concluiu-se que não existe nenhum equivalente feminino à punheta masculina. Até o bater uma não faz sentido, tal como não faz sentido a laustríbia, a canhola, afogar o macaco, chicotear o golfinho e mais um milhão de expressões que os machos utilizam para poetizar sobre a masturbação. É evidente que esta ausência de palavras para descrever a coisa tem raízes no mais fundo tradicionalismo que não consegue conceber a ideia de uma vida sexual feminina sem um fim reprodutivo. Emergiram imediatamente e do coração das trevas duas soluções que parecem dotadas de uma eficácia que pode permitir o seu generalizado uso quotidiano: dar uma esfrega e afagar a passarinha. Mais sugestões para a caixa do correio sff.
Já que é de abutres que falamos cabe relembrar o que escrevemos aquando do mítico evento que reuniu alguns milhares de sportinguistas no pavilhão atlântico. Com o património imobiliário vendido e o acordo com a Câmara Municipal selado chegou a hora de Soares Franco abandonar o barco. Não que isso nos deixe tristes, apenas mais pobres e intrujados. "Tenho prazo para sair do Sporting, e não é longo. Não tenciono ser presidente por muitos mais anos. Acho importante dar o lugar a outros e também quero gozar a vida. A nível pessoal, ocupa-me muito tempo. Não quer dizer que não goste de ser presidente, mas há um tempo para tudo, e há muitas outras coisas que quero fazer na vida".
P.S: E já agora uma nota para o imbecil que fez a entrevista. E que tal perguntar ao mano há quanto tempo é que é que foi eleito presidente? E se de facto um ano é assim um período tão longo que já lhe tenha dado para se fartar? E já agora o que é que lhe deu para se fartar assim tão rápido? E já agora se alguém está a ver o Cavaco, por exemplo, a meio do primeiro mandato, a dizer para o ano que vem que afinal tem mais que fazer e que já se fartou de ser presidente?
É o título de um álbum de Filii Nigrantium Infernalium (anarko black metal satânico), mas também uma boa forma de descrever o espiríto do tempo em relação a Scolari. E nós queremos deitar mais umas achas para a fogueira a ver se o sargentão se baza de vez. Quem nos lê sabe que não vamos à bola com o homem. Nunca fomos e o porquê está para aí explicado algures. Futebolisticamente o homem é vazio e ideologicamente não podíamos estar mais longe do misticismo familialista autoritário com que gere a selecção. Independentemente de gostarmos do estilo de liderança ou não, foi ele que nos ofereceu os melhores jogos da selecção. Jogos feitos de coração e vontade de ganhar mais do que de inteligência futebolística (Inglaterra no europeu, por exemplo). Ontem o homem sacudiu a água de tudo quanto era capote. Onde toda a gente viu a tentativa de agressão o homem não viu nada. Quando toda a gente que acompanha a selecção começa a analisar as substituições operadas pelo Sargento ao longo de todo o apuramento (ultraconservadoras), compara pontos perdidos pela selecção com o número de pontos perdidos por outras selecções da Europa, etc... Scolari torna a culpa numa vaca polígama. À boa moda portuguesa, mas com upgrade, logo na conferência de imprensa e sem ter falado com Madaíl diz logo que a Federação tem que pedir um inquérito à arbitragem, metendo-se num trabalho que não é o seu. Já se deve ter esquecido da forma como ganhou o Mundial de 2002...
A incapacidade de levar a cabo uma verdadeira modernização do país tem como correlato uma espécie de fetichismo tecnológico que por sua vez se alicerça numa confusão entre cultura e tecnologia ou, de forma mais concreta, entre cultura moderna e tecnologia. A introdução de quadros electrónicos nas escolas, acompanhados pela ideia de que os putos vão passar a gostar de geometria pelo simples facto de terem uns quadros todos XPTO, a réentre política de Paulo Portas no You Tube, convencido de que dando ares de tipo moderno e descontraído consegue para abafar o bafio das suas propostas políticas e a sua absoluta vacuidade no conteto político actual, e a utilização de intercomunidadores por parte das equipas de arbitragem nos campeonatos profissionais de futebol, na crença de que esse simples facto vai tornar Lucílio Baptista, Olegário Benquerença ou Paulo Paraty em árbitros decentes, são o reflexo do mesmo fenómeno em diferentes esferas de actividade. E mais exemplos poderíamos arranjar caso fosse necessário. Embora cultura e tecnologia se influenciem mutuamente não são exactamente a mesma coisa. Cultura moderna refere-se a um conjunto de modos de percepção e interpretação do real que se tornaram mais ou menos dominantes depois do século XVIII. Formas de entendimento do real que esão associadas a um conjunto de processos como a construção do estado moderno, a burocratização, a laicização, o desenvolvimento das ciências, a urbanização, o individualismo associado à ruptura das formas de organização social tradicionais, etc. Uma das dimensões fundamentais neste processo de modernização foi sem dúvida a transformação das fontes de legitimidade da autoridade. As formas de autoridade tradicionais foram tendencial e paulatinamente dando lugar, numa série de contextos, a formas de autoridade racionais. A diferença básica entre estas duas formas de autoridade é que uma delas vai buscar a sua legitimidade a um mandato divino, pouco susceptível de escrutínio. A outra vai buscar à razão, isto é, à prova; não importa quem diz, mas sim o que se diz e com que fundamento. O problema da educação, da política e do futebol em Portugal é essencialmente um problema relativo ao modo como as desigualdades sociais e as formas de poder se manifestam no quotidiano. O probema da matemática não está relacionado com os meios tecnológicos existentes para o seu ensino mas com a absoluta incapacidade da generalidade dos professores em conseguirem explicar o interesse e a utilidade daquelas fórmulas aos putos. Ou melhor ainda o seu significado. O mesmo se passa aliás com o ensino do português e em especial da literatura. Da mesma forma, e para clarificar o argumento, o facto de Lucílio Baptista ter um intercomunicador não implica automaticamente que melhores decisões sejam tomadas no relvado. Pelo contrário. Com o intercomunidor mais depressa ele e os seus fiscais podem trocar as ideias manhosas que têm sobre o papel do árbiro no jogo, que no caso português se manifesta na hipersensibilidade à falta e numa cultura de logro, por parte dos jogadores, e numa atitude performativamente autoritária por parte dos árbitros, que geralmente entram em campo pouco interessados na gestão do jogo e mais preocupados com a afirmação da sua autoridade, que julgam absoluta. Como aliás se pode abservar na quase total indisponibilidade para justificar as suas decisões ou na sua própria hipersensibilidade aos protestos dos jogadores. Como é que isto se resolve com um intercomunicador? Como é que o You Tube transforma uma direita trauliteira e bafienta numa direita liberal e moderna? Como é que um quadro electrónico explica a um puto o significado duma equação?
Considera que está a fazer igualmente uma obra de arte?
Sim, quando monto a equipa, estou a fazer uma obra de arte, por isso digo que não vamos repetir o mesmo do ano passado. A minha obra de arte ainda não tem elementos para ser construída. Entender o jogo é só para alguns: o que Deus me deu foi a capacidade de ler o jogo.